Novo presidente do Senegal assume cargo acompanhado de duas primeiras-damas

Poligamia do presidente gera discussões sobre tradição e direitos das mulheres

Por Da redação | www.portalalagoasnt.com.br 04/04/2024 - 14:16 hs
Foto: Zohra Bensemra/Reuters


Bassirou Diomaye Faye, o novo presidente do Senegal, assumiu o cargo na terça-feira (2) e chamou atenção ao estar acompanhado de suas duas esposas, Marie Khone e Absa, durante a cerimônia de posse. Essa situação torna o Senegal um país com duas primeiras-damas.

 

 

Diomaye Faye é bígamo, prática permitida pelo Islã e tradicional entre os muçulmanos senegalenses, especialmente nas áreas rurais. A poligamia é aceita desde que o homem tenha condições financeiras para sustentar suas esposas e passe tempo igual com cada uma delas.

 

Ao comparecer à posse com suas duas esposas, o presidente Faye recebeu aplausos de uma multidão presente. Ele destacou que sua situação conjugal reflete a tradição senegalesa e disse estar orgulhoso de suas esposas e filhos. Porém, a poligamia do presidente tem gerado debates na mídia e nas redes sociais do país.

 

Enquanto alguns argumentam que a poligamia é parte da cultura e tradição senegalesa, outros questionam sua validade e alegam que contribui para a discriminação das mulheres. Um relatório do Comitê dos Direitos Humanos da ONU apontou que a prática da poligamia no país resulta em desigualdade de gênero.

 

 

A autora senegalesa Mariama Ba, em seu romance "Uma Carta Tão Longa", retratou a dor e a solidão das mulheres quando seus maridos decidem ter uma segunda esposa, geralmente mais jovem. Essa questão levanta a necessidade de revisão dos protocolos do governo diante da nova situação conjugal do presidente.

 

Embora seja difícil estimar a prevalência da poligamia no Senegal devido à falta de registros de casamentos, um relatório de 2013 do escritório nacional de estatísticas revelou que 32,5% das pessoas casadas fazem parte de uma união poligâmica.

 

A presença de um presidente polígamo envia uma mensagem poderosa para outros homens que também são polígamos, segundo Diakhaté, um observador local. A discussão sobre a tradição, os direitos das mulheres e as práticas culturais continua em evidência no Senegal, enquanto o novo governo inicia sua gestão.